Investigação aprofunda relação entre genes humanos e linguagem

O processo de desenvolvimento da ciência leva a que sejam cada vez mais os dados que podem ser utilizados para o estudo sobre a evolução e desenvolvimento das populações humanas ao longo dos milénios e em todas as partes do mundo.

Evidentemente que esta não é uma tarefa fácil, mas os cientistas, nomeadamente aqueles que procuram entender o processo evolutivo da humanidade, podem recorrer a várias fontes de dados para o fazer, como, por exemplo, pensou Sohini Ramachandran  da  Universidade de Brown que combinou dados linguísticos com os dados genéticos para perceber os elementos comuns relativos à história da humanidade.

A equipa liderada por Sohini promoveu uma investigação cujo objectivo é a análise de dados genéticos que depois possam ser seriados, sistematizados e interpretados em função dos distintos e /ou semelhantes sons que possuem as diferentes línguas. É baseado na associação de “fonemas” com os dados genéticos que recai a investigação promovida Sohini Ramachandran e cujos resultados preliminares foram já publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Sohini Ramachandran é uma bióloga evolucionista que chegou à conclusão, neste seu trabalho, que os genes e as línguas variam cada vez mais com o aumento da distância geográfica. A sua análise mostrou existirem padrões geográficos distintos, ou diferentes eixos que acentuam essas diferenças. Os dados também reflectem como as línguas e os genes pouco evoluem, por exemplo, entre as populações isoladas.

Segundo a autora, numa entrevista dada ao divulgador de ciência David Orenstein, uma população isolada perde diversidade genética rapidamente, uma vez que os indivíduos tendem a casar dentro da população, mas mantém mais enriquecida a sua língua original, podendo os marcadores linguísticos de idiomas que estão geograficamente isolados serem muito mais complexos, não estando, por isso, os fonemas sujeitos à mesma contracção de diversidade que o ADN.

Refere o estudo da equipa de Sohini Ramachandran que dentro de um determinado raio geográfico, as línguas que integram populações mais isoladas estão também expostas a uma maior variação do número de fonemas, sendo por isso línguas com uma maior riqueza e diversidade, riqueza e diversidade que se vão perdendo à medida que se multiplicam os contactos, o que leva a autora a deduzir que o convívio entre populações homogeneizou as suas línguas de forma a que as pessoas se pudessem entender entre elas.